quarta-feira, 11 de agosto de 2010

EVENTO | CLAM: Cultura, gênero e sexualidades

CULTURA, GÊNERO E SEXUALIDADES

Judith “Jack” Halberstam
University of Southern California
Especialista em estudos queer, teoria de gênero, arte, literatura e filmes

Masculinidades Femininas Globais
O objetivo da apresentação é explorar o potencial do termo “female masculinity” (em oposição ao termo lésbica), numa proposta de desfazer as hegemonias do LGBT e da transgeneridade globais nas relações entre gênero e comunidades queer, através da analise de filmes e documentários antropológicos.

&

Marcia Ochoa
University of California, Santa Cruz
Antropóloga especializada em estudos etnográficos de mídia

“La moda nace en Paris y muere en Caracas”: Moda, Beleza e Consumo no (Trans)Nacional
O trabalho discute o papel do imaginário na sobrevivência de pessoas queer e trans na America Latina e o lugar destes sujeitos na nação, a partir da analise da realização da feminilidade em Concursos de Misses e Concursos de Transformistas na Venezuela.

20/08/2010 – Sexta-feira – 10h
Instituto de Medicina Social (IMS/UERJ) – 6º andar – bloco E – Auditório (Sala 6012)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

ENUDS

8o. ENUDS 2010
UNICAMP - CAMPINAS, SP
DE 08 À 12 DE OUTUBRO DE 2010

O ENUDS (Encontro Nacional Universitário da Diversidade Sexual) é um evento de caráter político-acadêmico em torno da discussão sobre gênero e sexualidades. O encontro objetiva reunir o meio acadêmico, movimentos sociais, lideranças governamentais e outros interessados nessa temática.

“Assimilação x Transformação: políticas da subversão e ciladas dos movimentos sociais”

A construção desta oitava edição do ENUDS se volta para o exercício do aprofundamento de questões determinantes nos cenários nacional ao aproximar estudantes e pesquisadores de todo o Brasil que contribuam para a construção de uma sociedade crítica e equânime em relação à diversidade sexual. O encontro também pretende fortalecer a articulação que propicie o fomento à pesquisa ligada ao tema e que dê visibilidade aos grupos de diversidade sexual existentes.

Esta oitava edição foi destinada à Campinas e à UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) por unanimidade, na Assembléia Final do VII ENUDS, realizada em outubro de 2009, na UFMG, em Belo Horizonte. A comissão organizadora deste 8o. ENUDS é composta por militantes do Identidade - Grupo de Luta pela Diversidade Sexual de Campinas, do NuDU - Núcleo de Diversidade Sexual da Unicamp.

Este Encontro busca problematizar as dimensões assimiláveis e transformadoras das ações políticas tanto dos governos quantos dos movimentos sociais. Além disso, almeja que o espaço universitário torne visível e promova discussões sobre diversidade sexual interseccionadas com/por múltiplos marcadores de diferenças como classe, raça, etnia, idade, entre outros; questionando a manutenção e o esfacelamento de estruturas, dispositivos ou convenções sociais opressoras.

fonte: http://www.identidade.org.br/2010/html/apresenta/index.html

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Estatuto do Homem

Em "homenagem" ao Dia do homem: o Estatuto do Homem de Thiago Mello.

Os Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente)
A Carlos Heitor Cony

Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.


Santiago do Chile, abril de 1964

Agradeço a dica de Priscila.
fonte:http://www.revista.agulha.nom.br/

domingo, 18 de julho de 2010

Dia do Homem?!



Dia 15 de julho: Dia do Homem. Para minha surpresa, a data é um fato e parece que intenciona "pegar", ainda mais se depender do mercado. A reportagem a seguir é esclarecedora e inclui os dois pontos de vista. Tendo a me posicionar aos depoimentos oferecidos no final, ou seja, que uma data comemorativa surge para homenagear lutas das minorias e "homem, branco e heterossexual", como dito, já possui seu dia: TODO DIA!


Dia do Homem: gênero masculino deve ter data?
POR ENQUANTO, PROPOSTA AINDA É POUCO DIFUNDIDA


Cristina Severgnini
cristina@gazetadosul.com.br

Hoje é o Dia do Homem. Mesmo sem fé pública, a data está entrando para o calendário de comemorações nacionais. Ainda bem menos difundida do que o Dia da Mulher, a data dedicada a eles existe desde 1999 e foi proposta pelo então líder soviético Mikhail Gorbachev, como incentivo para os homens cuidarem da saúde e destacar os papéis positivos desempenhados pelo gênero masculino. Com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), a celebração começou a ocorrer em vários países, no dia 19 de novembro.

Porém, no Brasil, embora sem nenhum decreto governamental, o Dia do Homem é comemorado em 15 de julho, e possivelmente seja a mais nova data festiva do calendário comercial. Produtos estão começando a ser lançados e lojas anunciam a homenagem como mais uma possibilidade de incremento nas vendas.

Como ainda não se trata de uma data tradicional, as pessoas têm dúvidas sobre como comemorar e o que seria mais apropriado. No Dia da Mulher, muitas empresas dão flores com um delicado cartão às suas funcionárias. Mas, de que forma poderão homenagear seus trabalhadores no Dia do Homem? Será que é data para dar mimos? Flores são adequadas?

Outra peculiaridade é que agora existe uma data que os homens esperam que as mulheres lembrem. Até então, cabia a eles não esquecer do Dia da Mulher, da Sogra, da Secretária, do aniversário de casamento e até a data dos namorados era tomada como um teste sobre as reais intenções românticas masculinas. Agora, é a vez de eles ficarem na expectativa: se as mulheres irão festejar a data e qual al proporção das demonstrações de apreço.

Entre as mulheres, algumas consideram a data uma oportunidade de retribuir a atenção recebida no dia dedicado a elas. Para a professora Célia Carvalho Lacerda, que também ocupa um cargo normalmente masculino como patroa do CTG Tio Itia, a data deve servir para repensar o papel do homem e da mulher. “Ninguém é superior e todos devem se respeitar”, salienta. “No tradicionalismo gaúcho, sinto igualdade e respeito, e os homens devem ser vistos como parceiros que nos dão apoio”, diz.

Segundo o historiador Mozart Linhares, as datas comemorativas relacionadas a gênero, etnia e outros, têm por objetivo marcar o quanto esses grupos são representativos de movimentos de luta por direitos e reconhecimentos. “São caracterizados justamente por marcarem uma identidade e um campo de lutas sociais”, comenta. “Não se comemora a normalidade e sim o que rasura, o que não é a norma”, diz. “Por isso, existe o Dia do Índio, do Negro e das Mulheres.”

“Ser homem, branco e heterossexual é a norma, foi a regra civilizatória do ocidente”, explica. “Toma-se como exemplo as lutas por reconhecimento do movimento feminista durante os séculos XIX e XX, nomeadamente uma luta das mulheres”, diz. “Daí a importância de marcar um dia como símbolo de uma memória de lutas, reatualizado pelas comemorações”, acrescenta. “Por isso, um dia do homem soa no mínimo como uma ironia ou mesmo um contrassenso.”

A coordenadora do Escritório de Defesa da Mulher, Iara Bonfanti, também não vê sentido na celebração, já que não existe nenhum aspecto histórico ou de luta a ser lembrado. “Dia dos homens é todos os dias, pois são eles que mandam.” Ela frisa ainda que as datas comemorativas não devem se restringir ao interesse comercial. “Nós feministas estamos sempre em busca da igualdade”, ressalta.


Para saber

O Dia do Homem, criado há 11 anos por Mikhail Gorbachev, teve como ideia inicial que fosse festejado internacionalmente no primeiro sábado de novembro, mas cada país acabou escolhendo uma data. As primeiras comemorações ocorreram em Trinidad e Tobago, em 19 de novembro de 1999, pelo médico Jerome Teelucksingh. Hoje a data é oficialmente celebrada também na Jamaica, Austrália, Índia, Estados Unidos, Cingapura, Reino Unido e Malta.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O discurso de recusa de Judith Butler ao Prêmio Coragem Civil

Judith Butler recusa prêmio concedido por organização gay racista. Berlim, 19 de junho de 2010.

When I consider what it means today, to accept such an award, then I believe, that I would actually lose my courage, if i would simply accept the price under the present political conditions. … For instance: Some of the organizers explicitly made racist statements or did not dissociate themselves from them. The host organizations refuse to understand antiracist politics as an essential part of their work. Having said this, I must distance myself from this complicity with racism, including anti-Muslim racism.

We all have noticed that gay, bisexual, lesbian, trans and queer people can be instrumentalized by those who want to wage wars, i.e. cultural wars against migrants by means of forced islamophobia and military wars against Iraq and Afghanistan. In these times and by these means, we are recruited for nationalism and militarism. Currently, many European governments claim that our gay, lesbian, queer rights must be protected and we are made to believe that the new hatred of immigrants is necessary to protect us. Therefore we must say no to such a deal. To be able to say no under these circumstances is what I call courage. But who says no? And who experiences this racism? Who are the queers who really fight against such politics?

If I were to accept an award for courage, I would have to pass this award on to those that really demonstrate courage. If I were able to, I would pass it on the following groups that are courageous, here and now:

1) GLADT: Gays and Lesbians from Turkey. This is a queer migrant self-organization. This group works very successfully within the fields of multiple discrimination, homophobia, transphobia, sexism, and racism.

2) LesMigraS: Lesbian Migrants and Black Lesbians, is an anti-violence and anti-discrimination division of Lesbenberatung Berlin. It has worked with success for ten years. They work in the fields of multiple discrimination, self-empowerment, and antiracist labor.

3) SUSPECT: A small group of queers that established an anti-violence movement. They assert that it is not possible to fight against homophobia without also fighting against racism.

4) ReachOut is a councelling center for victims of rightwing extremist, racist, anti-Semitic , homophobic, and transphobic violence in Berlin. It is critical of structural and governmental violence.

Yes, and these are all groups that work in the Transgeniale CSD, that shape it, that fight against homophobia, transphobia, sexism, racism, and militarism, and that – as opposed to the commercial CSD – did not change the date of their event because of the Soccer World Cup.

I would like to congratulate these groups for their courage, and I am sorry that, under these circumstances, I am unable to accept this award.

segunda-feira, 5 de abril de 2010




Entrevista retirada do site do CLAM:
http://www.clam.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=6489&sid=43

El psiquiatra y psicoanalista norteamericano Jack Drescher, autor de Psychoanalytic Therapy & The Gay Man (“La Terapia Psicoanalítica y El Hombre Gay”), de 1998, y de Gay and Lesbian Parenting (“La Crianza por parte de Gays y Lesbianas”), es actualmente uno de los defensores científicos más activos de una revisión critica de las doctrinas psiquiátrica y psicoanalítica en relación a la orientación sexual.

¿Por qué la visión de la homosexualidad como una enfermedad mental predominó en la medicina occidental del siglo XX, a pesar de la existencia de visiones alternativas menos patologizantes, como las de Havelock Ellis o Freud?

La visión de la homosexualidad como “variante normal” no captó la imaginación de grandes segmentos del público americano hasta la publicación, a mediados del siglo XX, de los estudios de Kinsey, en 1948 y 1953. El defensor más influyente de la visión de la homosexualidad como patología, que apareció en Europa en el siglo XIX, fue el psiquiatra alemán Richard von Krafft-Ebing. La obra de 1886 de Krafft-Ebing, Psychopathia Sexuales, afirma que la homosexualidad y otras expresiones de conductas sexuales no convencionales pueden ser entendidas como síntomas de “degeneración nerviosa”, esto es, como enfermedades mentales más que como el pecado del pensamiento religioso. A pesar de que la teoría de la degeneración fue científicamente desacreditada como “causa” de enfermedad mental, muchos de sus supuestos implícitos, incluyendo la creencia de que la homosexualidad es un desorden mental, aún persisten.


En el siglo XIX, al perder importancia las visiones religiosas acerca de la naturaleza, con el avance de visiones seculares y científicas comenzó un proceso de medicalización de comportamientos socialmente inaceptables, que continuaría hasta bien entrado el siglo XX. La posesión demoníaca se convertiría en “demencia”, las borracheras en “alcoholismo” y los sodomitas se convertirían en “homosexuales”. La visión normalizadora de la homosexualidad era un punto de vista distintivamente minoritario. La sociedad podía estar dispuesta a aceptar que los pecados pudieran ser reformulados como enfermedades si expertos científicos y médicos declarasen que los “homosexuales no son malos, sino que tan sólo están enfermos”. Sin embargo, considerar a la homosexualidad como “normal” era más difícil para la imaginación de la mayoría de los profesionales de la salud mental de aquella época.


Después de la muerte de Freud en 1939, una visión más patologizante se enraizó entre psicoanalistas de mediados del siglo XX, que asumieron una visión más crítica de la homosexualidad que el propio Freud. En The Psychoanalytic Theory of Male Homosexuality (“Teoría Psicoanalítica de la Homosexualidad Masculina”), Ken Lewes argumentó que en Estados Unidos, analistas migrantes de Europa compararon a la homosexualidad con los excesos del nazismo y que esta asociación fue un factor subyacente para continuar con la patologización de la homosexualidad en los EEUU. Esta visión predominó en el psicoanálisis norteamericano hasta inicio de los años ‘90, cuando la Sociedad Americana de Psicoanálisis revirtió su posición histórica sobre la homosexualidad y abrió sus institutos para docentes y candidatos abiertamente gays.


¿Cuál es el contexto científico y social para la reciente reemergencia de visiones patologizantes de la homosexualidad en Estados Unidos, después de haber sido claramente desacreditadas por el saber científico?

En 1973 la Asociación Americana de Psiquiatría (APA) retiró el diagnostico de homosexualidad del Manual de Diagnóstico y Estadísticas (DSM, según la sigla en inglés). La historia de este evento fue meticulosa y profundamente presentada en Homosexuality and American Psychiatry: The Politics of Diagnosis (“Homosexualidad y Psiquiatría Americana: Las Políticas del Diagnostico”) de Ronald Bayer (1981). Sin embargo, mientras la APA y otras profesiones con bases científicas adoptaban el paradigma de las variantes normales y rechazaban las teorías de la homosexualidad como una patología, esas teorías estaban siendo adoptadas por instituciones religiosas tradicionales que históricamente condenaron a la homosexualidad.


Vale la pena resaltar que la decisión de la APA privó a instituciones religiosas, políticas, gubernamentales, militares, educativas y medios de difusión de cualquier tipo de racionalización médica o científica para la discriminación. Sin esa cobertura, tuvo lugar una aceptación social de hombres y mujeres abiertamente gays que no había tenido precedentes históricos. Ya no más enfermos ni necesitados de tratamiento, la sociedad ha adoptado términos legales y morales sobre cómo las personas gays deben vivir abiertamente sus vidas. No obstante, queda todavía por verse bajo qué condiciones podrán amar, trabajar y crear nuevas familias. Hoy estos debates morales, políticos y legales son conocidos como “guerras culturales”.


Los lados opuestos en las guerras culturales contemporáneas argumentan desde la creencia de que: o bien (1) la homosexualidad es normal y aceptable, o (2) la homosexualidad no es normal ni aceptable. La primera posición es lo que yo llamo ‘modelo de identidad normal’. La proposición subyacente es que la homosexualidad es una variación normal de la expresión humana. Esta posición rechaza las creencias históricas y culturales que representan a la homosexualidad como enfermedad o inmoralidad. La aceptación de la propia orientación homosexual normal es considerada como una cuestión distintiva de la identidad gay o lesbiana. Esta posición, además, define a los individuos con una identidad gay o lesbiana como miembros de una minoría sexual. Como miembros de una minoría, esta posición sostiene que hombres gays y lesbianas necesitan protección de la discriminación de la mayoría heterosexual.


La posición opuesta en este debate adhiere a lo que llamo el ‘modelo de comportamiento enfermo’. Uno de sus principios centrales es un fuerte rechazo al modelo de identidad normal. Esta posición considera cualquier expresión abierta de homosexualidad como patognomónica de enfermedad mental, de falla moral, o ambas. Una identidad normal no puede ser creada a partir de la enfermedad o del pecado, así como tampoco provee las bases para definir la pertenencia a un grupo (sexual) minoritario. Por lo tanto, aquellos que tienen comportamientos homosexuales no podrían ser considerados similares a las minorías raciales, étnicas o religiosas (Drescher, 2002a, 2002b).


Después de 1973, el modelo de comportamiento enfermo fue gradualmente marginalizado del mainstream de la salud mental. Sin embargo, renació cuando el argumento clínico de la homosexualidad como enfermedad se amalgamó con un mensaje social conservador y político: la homosexualidad es un “comportamiento” y no una “identidad”. Más aún, si el comportamiento homosexual puede ser cambiado en un individuo, entonces los gays no pueden ser considerados una minoría con derechos a protecciones legislativas.


¿Cuál es el rol del fundamentalismo religioso en este proceso?

Como táctica en las guerras culturales, las teorías psicoanalíticas históricas de inmadurez y patología – hoy en día descartadas por el mainstream de la salud mental – han sido adoptadas por muchos religiosos que estaban luchando para conciliar su compasión por individuos homosexuales con sus tradiciones históricas de condena, declaradamente anti-homosexuales. Este proceso llevó a algunas religiones a adoptar el imperativo moral moderno de “amar a los pecadores pero odiar al pecado.” Desde esta perspectiva religiosa contemporánea, una mujer u hombre gay no debe ser automáticamente expulsado o rechazado por su comunidad de fe. Por el contrario, son aceptados si renuncian a su homosexualidad y procuran “curarla”. Este escenario cambiante llevó a un movimiento creciente de grupos de auto ayuda para individuos que se refieren a si mismos como “ex-gays”.


En los Estados Unidos, el movimiento ex-gay ha sido politizado por grupos religiosos de la derecha política para afirmar que los gays pueden cambiar su orientación sexual con tan sólo intentarlo y, por lo tanto, no existe razón para otorgarles derechos civiles que los protejan.


Más aún, algunos terapeutas seculares, como el psicoanalista Charles Socarides (1995), estaban deseosos de hacer causa común con grupos religiosos fundamentalistas. En el comienzo de los años ‘90, al no encontrar más un público receptivo en el mainstream de la salud mental, se aliaron a líderes de estos grupos religiosos interesados en promover sus teorías actualmente desacreditadas (Drescher, 1998a). Socarides fue uno de los fundadores de la Sociedad Nacional para la Investigación y Terapia de la Homosexualidad (NARTH, por su sigla en inglés), un grupo marginal que se dice secular, pero tiene fuerte apoyo y relaciones con organizaciones conservadoras, religiosas y sociales que promueven la creencia de la NARTH sobre la homosexualidad como una condición “tratable”.


¿Cuál es la alcance concreto de las respuestas terapéuticas a la orientación sexual hoy en día?

Existen pocos datos empíricos para responder a la pregunta sobre qué se hace con los pacientes. Una reciente excepción es un estudio realizado en el Reino Unido (Bartlett et al., 2009) que interrogó a más de 1300 profesionales de varias disciplinas de la salud mental. A pesar de que sólo el 4% de los terapeutas respondieron que intentarían cambiar la orientación sexual de un paciente si les fuese solicitado hacerlo, 17% informó haber ayudado a por lo menos un paciente a reducir o cambiar sus inclinaciones homosexuales o lésbicas. La psicoterapia fue el tratamiento más comúnmente ofrecido (66%) y no se observó ninguna señal de disminución de los tratamientos en los últimos años.


Setenta y dos por ciento de los 222 (17% del total) que brindaron ese tratamiento consideraron que debería haber disponible un servicio para personas que quisieran cambiar su orientación sexual. Tanto la ansiedad como la autonomía del paciente fueron consideradas razones para la intervención; los terapeutas prestaron atención a valores religiosos, culturales y morales como causa de conflicto interno.


Los autores concluyeron que, a pesar de no haber evidencia de que este tipo de tratamiento sea efectivo y de haber evidencia que puede resultar dañino, un número significativo de profesionales británicos de la salud mental (17%) aún intenta ayudar a clientes LGB a convertirse en heterosexuales.


¿Es posible pensar modos clínicos de entender la orientación sexual que no sean ni patologizantes ni estrictamente afirmativos?

En mi libro Psychoanalytic Therapy and the Gay Man (1998) ofrezco una alternativa a la polarización de los abordajes ideológicos. Si bien es difícil resumir todos los puntos aquí, los terapeutas necesitan ser capaces de trabajar dentro de un modelo de conflicto. Por ejemplo, los psicoanalistas contemporáneos no creen que los sesgos introducidos por el propio terapeuta puedan ser fácilmente puestos de lado. Consecuentemente, ningún terapeuta podría estar alguna vez en la posición de ayudar a sus pacientes a resolver conflictos entre sus creencias religiosas y sus atracciones homosexuales de forma neutral. Los terapeutas necesitan ser honestos con relación a sus propias creencias, tanto consigo mismos como con sus pacientes. Si el paciente se encuentra en conflicto entre seguir sus creencias religiosas y actuar de acuerdo a sus inclinaciones sexuales, el rol del terapeuta es ayudar al paciente a tolerar mejor el dolor del conflicto, la ansiedad de lo incierto. Por ultimo, es la capacidad del paciente para tolerar este dolor psíquico con la asistencia del terapeuta lo que puede ayudarlo a sacar sus propias conclusiones.


¿Cuáles son los desafíos actuales para dar respuestas terapéuticas apropiadas a la orientación sexual? ¿Se encuentran los psicólogos clínicos, psiquiatras y psicoterapeutas lo suficientemente entrenados para lidiar con la complejidad de este asunto?

La respuesta es definitivamente “no”. Cuando doy conferencias y clases tanto en los Estados Unidos como en el exterior, frecuentemente pregunto a los clínicos cuántos de ellos sienten que sus estudios de grado o incluso de postgrado incluyeron información adecuada sobre cuestiones relacionadas con el género y la sexualidad. Pocos responden que sienten haber recibido instrucción adecuada en esta área, independientemente de la disciplina en la que fueron entrenados.


Esto es desafortunado, ya que la mayor parte de la gente que va al terapeuta da por sentado que está consultando a alguien con esta instrucción. Y muchos pacientes se sienten extremadamente desilusionados cuando el terapeuta, para asistirlos, usa sus limitados conocimientos y experiencias, en lugar de datos concretos.


El Grupo para el Avance de la Psiquiatría es un think tank psiquiátrico cuyo comité LGBT recientemente desarrolló un curriculum online (http://www.aglp.org/gap/) para enseñar psiquiatría a residentes y otros profesionales sobre el cuidado de pacientes lesbianas, gays, bisexuales, transgénero e intersexo. Con respecto a aquellos cuyos programas no ofrecen ningún entrenamiento formal, el curriculum se encuentra disponible de forma gratuita para cualquiera que desee aprender más.


Dado el estado actual de la cuestión, ¿cuál es la importancia del reciente Informe del Grupo de Trabajo de la APA y de las resoluciones del Consejo de las Asociaciones Psiquiátricas y Psicológicas sobre el asunto?

La Asociación Americana de Psiquiatría y la Asociación Americana de Psicología tienen fuertes posiciones de apoyo a los derechos de los gays, incluido el derecho de casarse. Sin embargo, las manifestaciones políticas no necesariamente se traducen a enfoques adecuados con relación al entrenamiento en ninguno de los dos campos. El informe reciente de la Asociación Americana de Psicología sobre Respuestas Apropiadas a la Orientación Sexual es un buen comienzo. Se puede y se necesita hacer mucho más.


En la era de Internet, el público necesita encontrar fácilmente la posición que las organizaciones profesionales están tomando con relación a las terapias de conversión. Por ejemplo, recuerdo haber participado de una conferencia en Nueva York en 2003 organizada por terapeutas judíos ortodoxos que querían aprender más acerca de las principales visiones de la salud mental sobre la homosexualidad. Un panel incluía a cuatro religiosos judíos que habían sufrido con su propia homosexualidad y que terminaron aceptando sus sentimientos.


Un joven universitario contó la historia de haberse sentido afligido por sus inclinaciones hacia personas del mismo sexo y habérselo contado a su rabino. Éste lo mandó a visitar un psiquiatra que le ofreció hacer una terapia de conversión para cambiar su orientación sexual. El hombre joven se fue a casa, buscó en Internet y encontró la posición de la Asociación Americana de Psiquiatría del 2000 sobre las terapias de conversión. Como resultado, decidió no continuar el tratamiento con el psiquiatra que le ofrecía la terapia de conversión. La parte más difícil es ayudar al público general a entender la diferencia entre lo que dice el mainstream de la salud mental y los grupos que presentan desinformación acerca de la homosexualidad.



quarta-feira, 3 de março de 2010

Uma guerreira chamada Treut.




O CCBB apresenta, com o apoio do Instituto Goethe, a retrospectiva “Guerreira das Imagens: Monika Treut”. Com a presença da cineasta em debates e sessões, a mostra exibirá todos os seus catorze filmes – a maioria inédita no Brasil e os demais só vistos no circuido dos festivais –, além da videoinstalação “Aotearoa”, sobre a cultura neozelandesa. Monika é uma cineasta que inovou a linguagem do cinema independente e seus filmes retratam pessoas que superam os papéis que as respectivas sociedades lhes atribuem: são lutas feministas, lutas sociais, lutas por identidade sexual, lutas políticas. Uma grande oportunidade para o espectador brasileiro ver Guerreira da luz, documentário de 2001 sobre Yvonne Bezerra de Mello e seu trabalho com meninos de rua do Rio de Janeiro; seu premiado Generonautas (Gendernauts); e de conferir seu último filme Fantasma (Ghosted).

Em seguida, a entrevista publicada no JB ONLINE:

A alemã Monika Treut promove mostra de seus filmes no CCBB

Carlos Helí de Almeida, Jornal do Brasil


RIO DE JANEIRO - Relegadas ao segundo plano pelo cinema comercial, as personagens femininas e suas lutas – políticas ou sexuais – têm uma defensora de respeito na cineasta alemã Monika Treut, que está no Brasil para a abertura da retrospectiva de sua obra, em cartaz a partir desta terça-feira no Centro Cultural Banco do Brasil. São 10 longas-metragens e quatro curtas que trabalham o universo feminino (ou feminista) no contexto de suas lutas do dia a dia, – representado pelo trabalho social da artista plástica carioca Yvonne Bezerra de Mello, protagonista do documentário Guerreira da luz (2001), ou na tragédia envolvendo uma videoartista alemã e sua amante taiwanesa de Fantasmas (2009). Lésbica assumida, Monika viaja pelo mundo fazendo filmes que devolvem à mulher seu real lugar no cinema independente.

– Eu me identifico com a comunidade do cinema independente queer (homossexual). Nós, de certa forma, estamos construindo uma globalizada de baixo para cima, onde pessoas reais e artistas de diferentes culturas se encontram e trabalhar juntos para entender nossas diferenças e semelhanças – explica a diretora de 55 anos em entrevista ao Jornal do Brasil.

Qual o significado para a senhora dessa retrospectiva no Brasil?

É uma felicidade para mim, uma grande honra ter meus filmes exibidos no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de de São Paulo. Como trabalhei no Brasil mais de uma década atrás, fiz muitos bons amigos no país, é como se fosse uma minha segunda casa. Tenho grande respeito por meus colegas brasileiros e sempre que posso os acompanho no circuito de festivais internacionais.

Em que circunstâncias conheceu o trabalho de Yvonne Bezerra de Mello?

Conheci Yvonne por intermédio de uma amiga comum, uma jornalista, quando morei em Nova York. Essa amiga insistia para que eu conhecesse a Yvonne e arranjou um modo de nos encontrarmos. Quando isso finalmente aconteceu, passamos um dia inteiro conversando. Para minha sorte, logo depois fui convidada para participar do Festival Mix Brasil e então pude conhecer o trabalho de Yvonne na favela da Maré, as crianças atendidas pelo projeto, as pessoas que a ajudavam, seus amigos e familiares. O projeto Uerê, que ela dirige, me tocou profundamente, o que só aumentou o meu respeito por sua coragem e sua força e pelo método que ela desenvolveu para trabalhar com crianças carentes. Então escrevi o roteiro para o documentário e consegui recursos para o projeto com a ajuda de um fundo para cinema e uma TV alemães.

A senhora já sofreu preconceito por ser abertamente uma cineasta lésbica?

Ah, sim, já fui várias vezes vítima de rejeição e reações desagradáveis por causa disso. Certa vez, quando eu dava aula de cinema em um colégio só de meninas em um estado do Sul dos EUA, um grupo de cristãos fundamentalistas montou um protesto contra mim na porta da instituição. Eles seguraram cartazes que diziam coisas do tipo: “Projetam nossa comunidade!”, ou “Lesbianismo não é normal!”. Também ligaram para o colégio e exigiram que eu fosse mandada de volta para a Alemanha, porque temiam que eu fosse uma má influência para as estudantes.

O que a fez se especializar em filmes sobre a sexualidade feminina e mulheres marginalizadas?

Quando comecei a fazer filmes, no início dos anos 80, não havia muitas histórias sobre mulheres fortes. A maioria dos personagens femininos dos filmes produzidos na época eram mostradas como criaturas sofredoras. Frequentemente, elas eram mostradas como vítimas ou coadjuvantes em filmes de ação masculinos. Sentia falta de mulheres fortes no cinema. Fiquei feliz pela oportunidade que tive de poder fazer filmes sobre mulheres fortes, interessantes e incomuns.

A retrospectiva inclui seu filme mais recente, Ghosted. O que a senhora pode dizer sobre esse filme, rodado na Alemanha e em Taiwan?

É uma tentativa de construir uma ponte entre a Europa e a Ásia, usando a morte como tema. Na Alemanha, assim como na Inglaterra, desenvolvemos a tradição de contar histórias góticas sobre pessoas amadas que morreram. Basta lembrar de Edgar Allen Poe ou os romancistas alemães E.T. A Hoffman e Tieck, entre outros. A figura da pessoa amada que voltava dos mortes para assombrar os vivos era uma obsessão para eles. Histórias de fantasmas também são uma tradição na Ásia, particularmente em Taiwan. É uma forma de lidar com a perda da pessoa amada. Também perdi um amigo próximo recentemente e escrevi esse roteiro como uma tentativa de trabalhar com esses sentimentos tristes. Já tinha feito dois filmes em Taiwan antes e fiz grandes amigos por lá. Então, dessa vez foi possível fazer a primeira coprodução oficial entre os dois países, com atores e equipe técnica dos dois continentes.

Ainda se identifica com a cena independente alemã?

Cresci à sobra do chamado Novo Cinema Alemão dos anos 70, assistindo a filmes de Fassbinder, Herzog, Wenders e Schroeder. Tiveram grande impacto em minha formação. Quando passei a fazer filmes, nos anos 80, eu me tornei meio nômade, filmando nos Estados Unidos, México, Brasil e, às vezes, na Ásia. Então, não me considero muito próximo da minha própria cultura (cinematográfica), me identifico mais com a comunidade do cinema internacional do independente queer. Nós, de certa forma, estamos construindo uma globalizada de baixo para cima, na qual pessoas reais e artistas de diferentes culturas se encontram e trabalhar juntos para entender nossas diferenças e semelhanças.


.19:19 - 01/03/2010

Me pergunto: até que ponto a fragilidade não é uma força? Outro dia, um amigo me fez essa colocação: "Hoje todos tem medo de se mostrar frágil. Qual o problema de você se assumir dependente do outro?". Achei uma boa problematização...As mulheres lutando por "força" me parece estarem na mesma lógica masculina dominante, não? De qq jeito, não pretendo perder a mostra!

SERVIÇO

Data: De 02 a 14 de março
Local: Cinema 1 Rua Primeiro de Março, 66 - Centro
Bilheteria/Informações: Terça a domingo, das 10h às 21h Telefone: (21) 3808-2007
Classificação: Livre

CCBB São Paulo: 10 a 21 de março
Debate dia 13 de março, sábado, com Monika Treut, Suzy Capó (diretora do Mix Brasil) e Roberto Moreira (cineasta)